sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Entendeu?


As vezes as coisas mais banais do mundo se tornam em enigmas insolúveis. Também acontece o contrário outras vezes. Percebo claramente isto quando estou trabalhando. Algumas coisas que eu, e até mesmo alguns dos meus alunos, achamos banais outros alunos acham complicadíssimas. Seria uma grande tolice achar que isto ocorre porque uns são mais "espertos" que outros, pois em uma boa parte das vezes o que não entendeu só não entendeu porque fez uma associação com outro conhecimento ligeiramente (ou grosseiramente) equivocada ou simplesmente porque eu ensinei algo errado.

É engraçado que em certas situações o não entender é mais honroso que o entender, note o caso que eu citei: um professor ensina algo errado e você aprende facilmente; que honra há nisto?

Entender bem algo envolve muitas coisas. Quantas vezes eu ouvi de várias bocas (inclusive da minha) "quanto mais eu estudo mais entendo que conheço pouco meu objeto de estudo". Entender bem algo envolve compreender sua complexidade, o que e porque cada detalhe é difícil, ou fácil, saber identificar que conhecimentos extras me faltam, entre muitas outras coisas.

Quando nos deparamos com a bíblia algumas vezes temos a impressão que sabemos tudo. Talvez não todas as histórias com seus personagens ou as genealogias completas, mas (pelo menos eu, as vezes) temos a equivocada ideia que entendemos bem como "funciona" a mente de Deus. O vasto conhecimento teológico (não que seja meu caso) pode, talvez, nos afastar do verdadeiro conhecimento bíblico, do conhecimento que de fato é poderoso e eficaz.

Na quarta estávamos eu, Luizete e Cid em um papo informal sobre coisas corriqueiras até que Cid começou a descrever algumas coisas bem desagradáveis que aconteceram no seu passado e como ele encarou a situação. Ele nos falou que certa vez abriu a bíblia em Filipenses 4 e nos expôs o que entendeu do seguinte texto:

Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece.
Não me lembro exatamente de suas palavras mas confesso que quase exclamei, imitando meu mestre Jesus, "Feliz é você, Simão (Cid), filho de Jonas (qual será o nome do pai de Cid?)! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus."

Certamente este é um dos grandes mistérios do evangelho. Por mais que estudemos muito sobre ele, e de fato devemos fazer isto, as grandes verdades transformadoras são reveladas e cravadas em nossos corações por uma ação graciosa de nosso Deus. O conhecimento que transforma nossa vida não é fruto de estudos aprofundados! Que ninguém me entenda mal, o estudo aprofundado é, na minha opinião, muito importante, quero apenas dizer que este conhecimento pode se tornar inútil.

Ontem, em nossa reunião, um irmão muito amado se "queixou" comigo de que não entendia muito bem as coisas que lia na bíblia. Perceber que não entende e se preocupar com isso não é algo desprezível, principalmente quando se trata da palavra de Deus. Minha oração foi, e ainda é, que o Espírito o ilumine para que meu irmão entenda e aplique em seu dia-a-dia a palavra de Nosso Senhor e Salvador, porém já percebo a ação de Deus, pois meu irmão não é como meus alunos que aprendem tudo que eu ensino, mesmo quando eu estou errado.

Buscar a Deus deve ser nossa "delícia" como diz uma música de Gerson Borges. Entender completamente nosso Deus é algo impossível, no entanto temos seus estatutos e nossa vida inteira para examiná-los, aprende-los e até mesmo cantá-los. Não por acaso cantamos esta música ontem. Coloquei a música e a letra abaixo.

Gerson Borges - A Minha Delícia

Rios de águas
Correm dos meus olhos
Quando não guardo a Tua Lei
Teus mandamentos,
Os Teus preceitos,
São perfeitos, eu sei

Teu estatuto é a minha canção,
A alegria do meu coração!

Sou peregrino na terra,
Tua palavra não esquecerei,
A minha delícia é a Tua Lei!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Meninices


Esta coisa de não ser mais um menino é uma droga! Eu entendo bem o Sr. James Matthew Barrie (este é o sujeito que criou o Peter Pan!). As vantagens de ser um menino são inúmeras!!! Não vou descrevê-las pois tenho certeza que você já pensou nestes três segundos em vária delas, eu também estou pensando em muitas agora.

Quero falar somente sobre a maneira como um menino pode encarar o mundo. De como a palavra liberdade tem um significado muito mais forte quando somos crianças, de como nossas atividades têm um sabor sempre pitoresco, tantas novidades diariamente...

Eu era(sou) muito curioso. Gostava sempre de futucar as coisas, descobrir seus mecanismos, saber de onde elas vêm. Os meninos têm esta liberdade, eles não precisam saber de nada, eles não precisam estar prontos para resolver algum problema de última hora ou coisa do gênero. Um menino pode simplesmente chorar caso alguma coisa dê errado. Isto é, de fato, sensacional! Um menino pode se comportar ousadamente no lugar mais perigoso sem precisar medir muitas coisas. Por exemplo, eu podia pegar meu bem mais precioso, um brinquedo novo, abrir a caixa de ferramentas de meu pai, escolher uma chave adequada, desmontá-lo completamente e, é clálo, nunca mais conseguir montá-lo de novo. Eu não só podia como também fazia e estranhamente não me preocupava em perder o brinquedo.

Certo dia percebi claramente que não era mais um menino, entrei pela primeira vez em uma sala de aula como professor. Foi em um pré-vestibular comunitário numa igreja católica. Eu como professor tinha, é óbvio, a obrigação de saber o que eu iria ensinar. Não havia mais espaço para experimentações, tentativas impensadas ou choro. Simplesmente me tornei professor e tinha que vestir repentinamente esta carapuça. Foi aterrorizador!

Como eu já disse, um menino não precisa estar pronto, e nem se preocupar com isso. Nestes dias me senti menino novamente. (que jóia, né?) O cantor (ministro de louvor, se preferir) da ICA se licenciou por um período, que eu espero que não seja muito longo, de suas atividades. Luis Carlos, ou luizete para os íntimos, está pastoreando seu coração. (seja isto o que for) Imediatamente a responsabilidade da preparação da música para o culto veio para mim. Então meu amigo (e tecladista/Guitarrista) Cid me disse uma frase estranha: "Não se cobre tanto, você está fazendo uma coisas que não está acostumado a fazer e está dando o seu melhor." Me senti um meninão! Ele, talvez mesmo sem querer, me disse: "Tudo bem que você está cantando mal!" Não sei se minha percepção esta correta, mas foi assim que me senti.

Percebi então que podemos ser meninos, no sentido do parágrafo anterior, em alguns aspectos e em outros não. Um experimentado médico se comportará como um meninão se colocarmos uma agulha de tricô em suas mãos.

O elemento chave para todos estes conceitos de meninice é a figura do pai. Nada do que escrevi lá no início vale para um órfão, tenha o pai morrido, desaparecido ou simplesmente se ausentado, mesmo que fisicamente presente. Esta liberdade da experimentação pela experimentação só é permitida a alguém quando existe algo que lhe dê suporte. De que vale o choro se não existe ninguém para consolar?

Sempre me assustava quando lia em Marcos 10:15

Digo-lhes a verdade: "Quem não receber o Reino de Deus como uma
criança, nunca entrará nele"
Quando se é adolescente ser chamado de criança é praticamente um xingamento, mas nosso mestre nos ensina a receber o Reino de Deus como uma criança, ou melhor nos exorta dizendo que esta é a única forma de receber o reino de Deus.

Talvez Jesus estivesse falando da nossa forma de encarar a vida e o nosso Pai Celeste. Que os cristãos emancipados são na verdade falsos cristãos. E também que temos um pai para ouvir nosso choro.








segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Uma irmã da ICA

Conheci esta Irmã vendendo pasteis numa esquina próxima a ICA. Eu e alguns amigos estávamos sempre por lá. Era um lanche bom e barato. Não era tão legal quanto a "Tia da Verruga", mas comer pastel numa esquina sob uma marquise de loja de auto-peças tem seu charme. Depois de um pouco de tempo a "irmã do pastel"(1) estava conosco na ICA. Alguns podem afirmar que isto ocorreu devido ao carisma do "Reverendo"(2) que também estava sempre por lá e batia altos papos com ela e/ou qualquer outra pessoa que estava ao seu alcance, coisa de pastor, mas eu acredito que existe algo além.

Nesta quinta ela estava em nossa reunião. Foi bem bacana, até cantei aquela música do Grupo Elo (lembra? não? Tudo bem!) Calmo, sereno e tranqüilo... (A música é mais fácil de lembrar!), acho que esta canção expressa bem como deve ser a Vida Cristã. A Maria Luiza fez colocações muito relevantes sobre Neemias e a reconstrução de Jerusalém, mas o melhor ficou para o final, ou melhor para depois do final. Após o Terra encerrar começamos a bater papo sobre coisas diversas, até que Lenilda, não lembro exatamente porque, começou a falar de como foi a sua conversão a Cristo. Foi um relato realmente emocionante e emocionado, não vou contá-lo aqui pois acho que seria um pouco inconveniente. Se alguém quiser ouvir peça para ela contar, vale a pena!

Neste momento percebi algo. Veio a minha mente a história relatada em Lucas 5


Certo dia, quando ele ensinava, estavam sentados ali fariseus e mestres da lei, procedentes de todos os povoados da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele para curar os doentes. Vieram alguns homens trazendo um paralítico numa maca e tentaram fazê-lo entrar na casa, para colocá-lo diante de Jesus. Não conseguindo fazer isso, por causa da multidão, subiram ao terraço e o baixaram em sua maca, através de uma abertura, até o meio da multidão, bem em frente de Jesus. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse: “Homem, os seus pecados estão perdoados”. Os fariseus e os mestres da lei começaram a pensar: “Quem é esse que blasfema? Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus?” Jesus, sabendo o que eles estavam pensando, perguntou: “Por que vocês estão pensando assim? Que é mais fácil dizer: ‘Os seus pecados estão perdoados’, ou: ‘Levante-se e ande’? Mas, para que vocês saibam que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” — disse ao paralítico — “eu lhe digo: Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa”. Imediatamente ele se levantou na frente deles, pegou a maca em que estivera deitado e foi para casa louvando a Deus. Todos ficaram atônitos e glorificavam a Deus, e, cheios de temor, diziam: “Hoje vimos coisas extraordinárias!”


Percebi algo óbvio: De fato, é muito mais fácil dizer "levante-se e ande" que "Os seus pecados estão perdoados". Eu notei dois aspectos, o primeiro é que, como não sabemos com precisão porque este homem era paralítico, é possível que nos dias de hoje, com a ciência, ele teria alguma chance de ser curado ou até mesmo de não chegar a esta situação devido a um tratamento adequado após o seu suposto (por mim) acidente. Ou seja, algo que a primeira vista é muito mais "poderoso" não chega nem perto do fato de alguém ser perdoado por Cristo, pois este perdão acarreta uma mudança interior que a ciência não pode e nunca poderá gerar. Nem mesmo a maior das mentes humanas é capaz de transformar pedra em carne!

Além disto Jesus, para curar este homem, usa uma porção ínfima de seu infinito poder e para perdoá-lo entrega-se voluntariamente para a humilhação e o sofrimento. Ele morreu na cruz por ele e (muito obrigado Senhor!) por mim.

Confesso que primeiro pensei na música do Stênio (coloquei a letra e a música no final) do que na passagem bíblica propriamente dita. Tentarei não citar o Stênio na próxima postagem, será bem difícil. Suas músicas são realmente importantes para mim. O modo que ele usou para contar esta história além de comovente é transformador.

Tenho certeza que uma das razões para esta irmã ser "Icaniana"(3) é o cuidado de Deus por mim. Mais uma vez, muito obrigado!!!




Lenilda está ao microfone!



VELHA AMIZADE
Stênio Marcius

Era um aleijado mas que não vivia só
Tinha quatro amigos
Quatro corações repletos de bondade e fé
Esperança à vista
Quatro cordas, cada uma numa ponta de uma cama
Um buraco aberto no telhado
Muita sincronia, equilíbrio e pontaria
Quatro amigos que não sabem o que é
desistir, duvidar

Desce aquela cama bem no centro do lugar
Onde estava Cristo
O que é mais difícil, quem irá me responder
Perdoar ou curar?
Sai andando o aleijado carregando o seu leito
Como é livre alguém que é perdoado!
No telhado, quatro homens abraçados
Lágrimas e risos, me responda o que é difícil
Para Deus operar?

Olha os cinco amigos, até parecem com os guris do lugar
Sobe na figueira,pula a ribanceira, banho de cachoeira, pó, lama e poeira
Travessuras mil pra fazer
Como foi há tempos atrás
Chega de sofrer, chega de lembrar
Bobo é quem por último chegar!





(1) Como eu a chamava até gravar o seu nome
(2) Como eu gosto de chamar o Pr.
(3) Como eu chamo os membros da Igreja Cristã Atos (ICA)



sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Fim de Tarde No Portão

Esta é a letra da música do Stênio Marcius que mencionei e também um vídeo do próprio Cantando.


Fim de Tarde No Portão

Stênio Marcius


Fim de tarde no portão
A cabeça branca ao relento
Teimosia de paixão
Faz das cinzas renascer alento

Na estrada o seu olhar
Procurando um vulto conhecido
Espera um dia abraçar
Quem diziam já estar perdido

O seu amor é tão forte
Mais que o inferno e a morte
São torrentes que arrebentam o chão
Mais fácil secar os mares
Apagar a estrela antares
Que arrancar o amor de seu coração
Fim de tarde se debruça no portão

Mas um dia aconteceu
E o moço retornou mendigo
O pai depressa correu
E abraçou o filho tão querido

Tragam roupas e o anel
Calçem logo os seus pés, milagre!
Vinho do melhor tonel
Tanta alegria em mim não cabe

O seu amor é tão forte.....
Fim de tarde está deserto o portão




Coisas simples

Ontem participei de uma reunião na ICA e coisas interessantes aconteceram. Meu amigo Marcelo falou a respeito da parábola do Filho Pródigo (Lc 15), algo muito simples que poderia, de fato, ser visto como algo bem corriqueiro, e era exatamente assim que estava encarando a situação, pelo menos até certo momento. Eu e os outros que estavam lá já ouvimos falar, talvez, centenas de vezes (se juntarmos todos) a respeito de todas as coisas que Marcelo Falou, ele não fez nenhuma especulação pitoresca ou trouxe uma nova perspectiva inusitada, ela falou o que todos nós já ouvimos, até mesmo em forma canções (vale a pena aqui lembrar do CD do Pr. Gerson Borges que é..., tem também uma música composta pelo Stênio Marcius realmente linda, inclusive a cantamos ontem).

O que me chamou a atenção foi quando o Marcelo terminou de falar e o Terra, outro grande Amigo, tomou a palavra. O impacto das coisas tão simples faladas pelo Marcelo no coração do Terra foi assustador! Por um momento fiquei encabulado pois não dei muita importância para o que Marcelo disse, logo após notei que aquilo que estava acontecendo não foi causado pela fala de ninguém: presenciei O Espírito de Deus agindo! Aquilo que não tinha passado de minha mente penetrou de forma assustadora no coração do Terra e ao notar isto minha vergonha de não ter dado muita atenção a um amigo falando se tornou totalmente sem sentido e se transformou num sentimento que não sei explicar. Vou perguntar ao Terra pra ver se ele sabe.