sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O porco e a galinha

Ontem ouvi uma historinha bem interessante contada por minha querida irmã Maria Luiza. Ela comparou o comprometimento de alguém a algo com um café da manhã no estilo estado-unidense, (Daiane me ensinou semana passada esta expressão) com bacon e ovos mexidos. Resumidamente a moral da história foi: o porco se compromete com o café da manhã, pois dá sua vida por ele e a galinha apenas se envolve com o café da manhã, pois colocar ovos, por mais que seja doloroso, eu acho que deve ser bastante, é uma tarefa corriqueira para as penosas.

Pois é, de acordo com esta comparação se comprometer e se doar são praticamente sinônimos, como diz aquela velha música do Asaph "Contudo é possível dar sem amar, mas é impossível amar sem dar". E dar o que? A si mesmo!

Tenho dificuldade em aceitar que um verdadeiro cristão pode não entender bem estas coisas. Digo entender não apenas intelectualmente, a nossa relação com o Altíssimo deve ser baseada neste princípio. Note que digo relação com Deus no sentido mais amplo possível, não estou falando de religiosidade.

Deixe-me falar um pouco sobre que princípio é este. O fato do Deus Soberano, Criador e Regente de tudo que existe, ter se dado, a ponto de se entregar voluntariamente para o sofrimento e a humilhação, para nos salvar é motivo mais do que suficiente para nós nos dedicarmos zelosamente a Ele sem nenhum outro interesse.

Se não nos dedicamos a Ele, das duas uma, ou simplesmente desprezamos o que Ele fez, ou não entendemos direito o que foi feito por nós. Tenho dificuldade em aceitar que se uma destas carapuças cabe em alguém este alguém nasceu de novo.

Temos que agradecer ao Senhor pois temos a nossa disposição a sua palavra que é poderosa a ponto de transformar nosso petrificado coração em carne. Um pouco deste transformador evangelho está em outro trecho desta música do Asaph

Tanto Deus me amou
Por isso Ele deu
Não o que sobrou
Mas o melhor do era seu
Assim como Deus me amou
Também eu quero amar

Senhor, que eu seja como o porco!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Mangá Messias


Semana passada recebi um e-mail publicitário da Livraria Erdos. Este e-mail apresentava e disponibilizava para uma pré venda um livro que me chamou muito a atenção, seu título é "Mangá Messias". A livraria até deu uma amostra grátis, em pdf. Não dá para saber se este inusitado livro é bom ou não, o fato é que a idéia é realmente original e pode alcançar várias pessoas.

Na EBD desta semana estudamos acerca do ministério de João Batista. Notei algo ontem que ainda não havia notado, quando João falou acerca de Cristo usando as palavras

“Eu os batizo com água. Mas virá alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de desamarrar as correias das suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá em sua mão, a fim de limpar sua eira e juntar o trigo em seu celeiro; mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga”.

Eu sempre associei a palavra fogo, que coloquei em negrito, como algo relacionado a um poderoso revestimento vindo da parte de Deus, como algo que capacitaria o crente a dar passos mais largos e firmes. No entanto, uma simples análise do restante da fala de João nos permite concluir que este fogo está relacionado ao juízo de Deus, ou seja Jesus veio para Salvar os seus e para condenar os que não são seus.

Já ouvi irmãos meus pedindo o "batismo com fogo". Me parece que alguns de meus irmãos encaram a vida cristã como um mangá. Existe um famoso personagem chamado Goku. Ele é, de fato, fantástico! Muito forte, divertido, um verdadeiro Pop Star das histórias japonesas. Ele tem um poder bem interessante, de algum lugar vem uma energia que o transforma em Super Sayajin, isto é uma espécie de guerreiro com poderes superiores. Seu cabelo cresce e fica amarelo, coisa de doido! Este poder tem vários níveis 1, 2, 3... O poder que Goku pode alcançar parece que não tem fim. Pelo menos é a mensagem que passa os escritores desta história.

Não somos como o Goku! Nossos super poderes são o amor, a alegria, a paz, a paciência, a amabilidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão e o domínio próprio. Estas coisas nos são dadas pelo Espírito e nos armam para viver uma vida cristã sincera e poderosa!

Quando buscamos um místico poder apenas perdemos de vista a simplicidade do Evangelho e nos tornamos insensíveis a vontade de Deus.

Devemos sim ser poderosos, mas nosso poder deve consistir em manejar de maneira excelente a Palavra da Verdade.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Bituca

Tenho pensado bastante em minha infância e nas muitas lições que aprendi em situações que vivi. As crianças são muito observadoras e sensíveis as coisas que observam, pelo menos comigo era assim. No meu caso particular os problemas mais significativos, e instrutivos, foram gerados por outras crianças. Isto posso afirmar que foi uma grande dádiva do meu Senhor, pois muitas crianças são verdadeiramente atormentadas por adultos, algumas vezes seus próprios pais, de várias maneiras e em vários níveis.



Eu era um menino pequeno, tímido e muito feio. Na verdade não era tão feio, tinha apenas uns enormes dentões que me tornavam instantaneamente peculiar, para não usar outra palavra. Hoje estes mesmos dentes ainda estão grudados em minha boca, mas não me incomodam nem 0,1% do que me incomodavam vinte anos atrás. A grande verdade é que eu me sentia de fato inferior aos outros meninos de minha idade. Que bobagem, não é, mas eu, de verdade, me sentia assim.

Quando nos sentimos diminuídos, as outras pessoas instantaneamente notam. Alguns dão tapinhas em nossas costas e dizem: "não se sinta assim!" Outros concordam e dizem a si mesmos: "cada um no seu quadrado!" Outros usam este sentimento dos mais "fracos" em benefício próprio.

É triste, mas somos assim, gostamos de humilhar para nos exaltar. Por exemplo, quando uma mulher fala mal do cabelo de outra mulher ela não está simplesmente dando uma opinião crítica embasada em algum dado científico ou coisas semelhante, ela está dizendo a si mesma e às outras tolas que a ouvem: "meu cabelo é muito mais bonito!" Ou quando falamos para nossa esposa como nosso colega de trabalho é incompetente estamos dizendo para ela: "Seu maridão é muito melhor que aquelezinho!". Somos assim, que pena.

Porém nosso mestre não é assim! Em Mateus 12:20 esta registrado as seguintes palavras de Jesus

Não quebrará o caniço rachado,
não apagará o pavio fumegante.



Nestas palavras Cristo revela algo maravilhoso a respeito de seu caráter. Não é do "feitio" de Jesus terminar de quebrar o caniço que já está rachado, nem mesmo faz parte do caráter do nosso Senhor pisar, como se pisa numa bituca de cigarro, em um pavio quase apagado.

Nosso Senhor não precisa se exaltar, todo o Universo já faz isto! Jesus ama o fraco, o oprimido, o injustiçado de maneira surpreendente. Ele se entregou em favor destes. O comportamento de Jesus é o avesso do nosso, ele não apaga a chama quase extinta, o que Ele faz é transformar uma bituca em uma grande fogueira! Por isso podemos confiantemente entrar em sua presença e expor nossas fragilidades, pois ele sempre está interessado em nos acender e manter ente fogo aceso por toda a eternidade.

Obrigado, Senhor, por seu caráter!!!

Gostaria também de agradecer a meu amigo Marcelo pela inspiração.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Os magos



Os magos do Oriente, descritos no início do Evangelho de Mateus são, de fato, personagens exóticos.

Estou dizendo isto porque eles eram pagãos com P maiúsculo! Eram magos! Parece que eram astrólogos. Sei lá, poderiam até fazer "mapa astral" ou coisas do tipo, sei lá, coisa assim.

De alguma forma eles associaram um peculiar fenômeno astronômico com o nascimento do Messias Judeu. Não sei que tipo de associação foi feita por eles, (se alguém souber por favor, me diga!) mas o fato é que eles acertaram. Estranho, né?

Estas figuras, muito possivelmente, com uma aparência extremamente esquisita (talvez no estilo Walter Mercado) chegaram em Jerusalém perguntando:

“Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo”
Imaginem a cena. Eu acredito que a chegada dos magos se tornou rapidamente o assunto principal nos "botecos", tanto é que logo chegou ao ouvido de Herodes, o rei daquele lugar. Herodes não gostou nem um pouco daquele papo de rei recém-nascido, inclusive bolou um plano, utilizando os magos como "laranjas", para matar este Menino-Rei. Mesmo sendo violenta e covarde esta atitude do rei não foi nada surpreendente. Qualquer rei quer ser rei até morrer!!!

Nós quase sempre somos assim, quando alguém parece querer a minha posição eu logo dou um chega pra lá.

Outra coisa realmente estranha foi que, como judeu, Herodes deveria ansiosamente aguardar a vinda do Messias. Este é o evento futuro mais importante descrito na Lei. O nascimento do Salvador! Não que ele não tenha associado o que os magos procuravam com a Lei, tanto é que ele foi até os conhecedores das escrituras sagradas para saber onde este menino nasceria, me parece que este simples homem estava disposto a brigar com o próprio Deus para tentar manter seu poder.

Não podemos ser tão bobos! Quando quem vai tomar a nossa posição é Jesus devemos nos alegrar!!! Isto deve ser fruto de nossa nova vida que o próprio Jesus nos deu. João Batista era realmente sábio. Sua frase mais célebre, mais até que "arrependei-vos..." foi:

É necessário que ele cresça e que eu diminua.
Os magos, despidos de orgulho, ao encontrar nosso mestre ainda pequenininho se prostraram e demonstraram toda reverência que lhe era devida e de forma surpreendente foram usados por Deus. Foram as pedras falantes! (faço aqui referência a entrada triunfal, descrita em Lucas 19:35-40)

Independente de nós, Jesus é Rei!





terça-feira, 9 de setembro de 2008

Uma doçura de fé

Este texto foi escrito por meu amigo e presbítero Alessandro Terra.

Ontem recebi uma ligação da esposa de meu pastor, que viajara, pedindo-me para visitar uma anciã que saudosamente solicitou a presença da igreja em sua casa. Percebi então ali que estava diante da minha primeira atribuição como presbítero.

O que para mim, normalmente, seria algo de bastante apreensão não foi. Talvez pelo fato da Vovó Linhares ser uma das cristãs mais doces que conheci, ou talvez pelo fato que eu não estaria a visitá-la só, ou pelo fato de não sermos tão distantes, apesar da diferença de idade. Creio até que o motivo de minha calma partiu da certeza de que neste contato entre nós não seria eu o abençoador, mas sim o abençoado, como assim fui.

Posso dizer que não visitei uma senhora de noventa e seis anos carente de atenção, mas sim uma senhora que ao longo de sua vida com Deus (e bota longo nisto!) compreendeu o que a Igreja de Cristo, apesar dos pesares, é o melhor lugar pra estar. Que apesar de termos vários amigos por perto, estima de vizinhos, familiares ao redor (como ela tem), não há lugar mais acolhedor e quente para se estar do que a Igreja do Senhor. Posso dizer que estive diante de alguém que entendeu o grande mistério da Igreja de Cristo. Que entendeu tanto essa relação que com prazer separa seu dízimo e sua oferta. Posso dizer que realmente Vovó Linhares é uma serva que muito tem a ensinar sobre a fé, que doce fé!

Percebo que nos próximos dois anos como presbítero receberei muito mais do que posso dar.

Que o Senhor me dê Graça. Amém!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Outras meninices


Existem coisas que achamos que conhecemos bem e na verdade somos grandes ignorantes no assunto. Por exemplo, quando me casei eu montei a maioria de meus móveis. Um deles, o balcão da cozinha, foi montado por mim com muito cuidado, minúncia e "precisão". Não foi o primeiro a ser montado, nem tinha o esquema mais complicado, estava moleza! Até o finalzinho da montagem estava tudo jóia, tudo se encaixava perfeitamente até que percebi a falta de alguns pinos, também percebi que sobravam parafusos, que droga!!! Até hoje ele é meio tortinho.

Estas coisas acontecem o tempo todo, pelo menos comigo. Quando eu estava na faculdade de vez em quando eu saía das provas com idéias equivocadas a respeito do meu desempenho. Já proporcionei vários desgostos aos meus professores, escrevia cada absurdo! Uma professora muito querida (Prof. Rosa Marquez) escreveu em uma de minhas provas de cálculo 3: "Que vagunça!" (com "v" mesmo!). Perceba como ela foi misericordiosa ao não chamar a atenção para as bobagens escritas mas sim para a bagunça. Também note como ela ficou assustada com minha prova mal feita, "escrebeu" bagunça com "v"!

Este tipo de equívoco também ocorre na caminhada cristã, mais uma vez: pelo menos comigo. Quando me converti ao meu Senhor, meus líderes me ensinaram algumas coisas ligeiramente equivocadas, outras não muito ligeiramente e também muitas coisas que são verdadeiras e as guardo comigo como bem precioso.

Pra mim é muito difícil separar estas coisas. Eu era um adolescente confuso e novo convertido. Em um curto espaço de tempo experimentei muitas coisas novas: a caminhada cristã, a vida na igreja, novas amizades e ainda tinha a música que me encantava de forma semelhante a descrita
por Oswaldo Montenegro na música Lua e flor (aquela do Sassá Mutema, lembra?) "Eu amava como amava um pescador, que se encanta mais com a rede que com o mar." Não é fácil discernir coisas daquele tempo.

Uma coisa que me marcou muito foi a música Projeto de Deus (Tu és Deus, de graça e ...., Lembra, ? Todo crente sabe essa. Se vc não for crente e quiser ouvir esta canção clique aqui, vale a pena!). O último verso pra mim foi muito impactante: "Pois minha vida é um projeto de Deus e nada pode Mudar". Eu cantava com toda a força de meu pulmão este verso que de fato considero verdadeiro, mas eu não o entendia muito bem, tinha certeza que o entendia, mas eu estava errado.

Eu sentia que todos os meus planos, que eram muitos, parte deles bem ousados, estavam todos garantidos "Pois minha vida é um projeto de Deus e nada pode Mudar". Me sentia poderoso e seguro. Pouco a pouco fui me frustrando, uma coisinha aqui que não acontecia, outra coisona ali que, com certeza, nunca iria acontecer. Deus não estava parecendo muito "fiel" comigo. Fiquei bastante confuso em certo momento de minha vida cristã.


Percebi então o óbvio, a minha vida é um projeto de Deus!!! Como
demorei tanto para notar isto?
O projetista, ou o tapeceiro segundo Stênio , não sou eu! Que tolo que fui! Tentei moldar a minha vida e também as ações de meu Deus como se eu tivesse alguma capacidade para isto. Tentei "montar" a minha história como se possuísse a visão além do alcance da espada justiceira (desculpem-me a referência aos Thundercats). Mais uma vez: que tolo que fui! Quanta meninice!

Hoje canto este verso com mais entusiasmo e devoção que no passado. Canto me sentindo amado e em segurança. Canto tendo a certeza que sou Dele e que estarei para sempre com meu Deus. Pois minha vida é um projeto de Deus e nada pode Mudar.