
Faz tempo que não escrevo. Não escrevo aqui nem em lugar nenhum. Na verdade só tenho escrito nas lousas da escola em que trabalho, com aquele garrancho de sempre, aquelas coisas de sempre.
Estou passando por um momento bem especial de minha vida. Minha esposa está grávida e de repouso. Ele precisou se submeter a um procedimento chamado cerclagem, algo semelhante a um nó em uma bexiga de festinha infantil. Nada de muito complicado, mas necessita de cuidados especiais e de um medicamento bem carinho, um tal de Inibina. Até início de agosto estamos de repouso. Neste momento a palavra repouso parece está mais em destaque do que a palavra grávida, mas tenho certeza que daqui a poucos dias, quando o bebê começar a mexer, começarmos comprar coisinhas bacaninhas, a ordem de destaque destas duas palavras irá mudar radicalmente.

Durante este carnaval pouquíssimo animado estou experimentando algumas canções. Canto, toco, canto de novo, toco novamente, e assim por diante. Algumas do Expresso Luz, outras do Camargo, me deparei com uma do Rehder/Kerr: Unidade e Diversidade. Em uma primeira análise é uma música bacana, antiga, não muito congregacional (quero dizer, não apropriada para se cantar em um culto público de uma igreja protestante com teologia reformada e tudo mais :-p ), mas quando cantei esta canção veio em mim um sentimento tão profundo de nostalgia, nostalgia da boa, daquelas que nos fazem chorar e rir ao mesmo tempo. A canção fala de um período de ouro do cristianismo: a igreja primitiva, onde todos tinham apenas uma esperança, e a mesma, Cristo.
Pensar nisso em nossos dias é um problemão. Quando olho em volta: que tragédia! Quando olho dentro de mim: tragédia ao quadrado!!! A beleza de ser cristão, de viver para honrar aquele que nos redimiu, de estar sempre em paz pois tudo está no controle daquele que nos ama, está cada vez mais escassa quando olho em volta e para dentro. Ao cantar esta música me senti com saudade de algo que na verdade nunca vi ou vivi plenamente.
Não que eu não me ache mais cristão. Sou um crente! Calvinista roxo! Creio em Jesus e em seu Evangelho! A questão está em como expresso isso, como isto emana de mim para minha família, aos meus amigos, aos colegas de trabalho... Da mesma forma, a maneira que minha comunidade se relaciona com o restante do bairro em que está instalada é uma questão análoga.
A canção do Rehder e do Guilherme me trouxe o sentimento de cristianismo em outra dimensão, em outro patamar. O perfume de Cristo exalando pelos crentes em todas as esferas de suas vidas. Não com chavões ou posturas preconceituosas, não com altivez ou idéias vindas de um tele-evangelista hipócrita, dominador e aproveitador, mas o perfume que emana amor, compaixão, paz e outros frutos que são verdadeiros (de verdade) no coração daqueles que vivem em Jesus.
Estou sempre vivendo ou observando relances, bem rápidos e curtos, desta plenitude. Uma atitude de fulano aqui, uma outra de siclano ali, de vez em quando algo que penso, falo ou faço. Mas uma coisa peço ao Senhor (e a buscarei) que estes relances sejam cada vez mais freqüentes ao ponto de se tornarem um clarão contínuo de Graça expressando Jesus.