sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Meninices


Esta coisa de não ser mais um menino é uma droga! Eu entendo bem o Sr. James Matthew Barrie (este é o sujeito que criou o Peter Pan!). As vantagens de ser um menino são inúmeras!!! Não vou descrevê-las pois tenho certeza que você já pensou nestes três segundos em vária delas, eu também estou pensando em muitas agora.

Quero falar somente sobre a maneira como um menino pode encarar o mundo. De como a palavra liberdade tem um significado muito mais forte quando somos crianças, de como nossas atividades têm um sabor sempre pitoresco, tantas novidades diariamente...

Eu era(sou) muito curioso. Gostava sempre de futucar as coisas, descobrir seus mecanismos, saber de onde elas vêm. Os meninos têm esta liberdade, eles não precisam saber de nada, eles não precisam estar prontos para resolver algum problema de última hora ou coisa do gênero. Um menino pode simplesmente chorar caso alguma coisa dê errado. Isto é, de fato, sensacional! Um menino pode se comportar ousadamente no lugar mais perigoso sem precisar medir muitas coisas. Por exemplo, eu podia pegar meu bem mais precioso, um brinquedo novo, abrir a caixa de ferramentas de meu pai, escolher uma chave adequada, desmontá-lo completamente e, é clálo, nunca mais conseguir montá-lo de novo. Eu não só podia como também fazia e estranhamente não me preocupava em perder o brinquedo.

Certo dia percebi claramente que não era mais um menino, entrei pela primeira vez em uma sala de aula como professor. Foi em um pré-vestibular comunitário numa igreja católica. Eu como professor tinha, é óbvio, a obrigação de saber o que eu iria ensinar. Não havia mais espaço para experimentações, tentativas impensadas ou choro. Simplesmente me tornei professor e tinha que vestir repentinamente esta carapuça. Foi aterrorizador!

Como eu já disse, um menino não precisa estar pronto, e nem se preocupar com isso. Nestes dias me senti menino novamente. (que jóia, né?) O cantor (ministro de louvor, se preferir) da ICA se licenciou por um período, que eu espero que não seja muito longo, de suas atividades. Luis Carlos, ou luizete para os íntimos, está pastoreando seu coração. (seja isto o que for) Imediatamente a responsabilidade da preparação da música para o culto veio para mim. Então meu amigo (e tecladista/Guitarrista) Cid me disse uma frase estranha: "Não se cobre tanto, você está fazendo uma coisas que não está acostumado a fazer e está dando o seu melhor." Me senti um meninão! Ele, talvez mesmo sem querer, me disse: "Tudo bem que você está cantando mal!" Não sei se minha percepção esta correta, mas foi assim que me senti.

Percebi então que podemos ser meninos, no sentido do parágrafo anterior, em alguns aspectos e em outros não. Um experimentado médico se comportará como um meninão se colocarmos uma agulha de tricô em suas mãos.

O elemento chave para todos estes conceitos de meninice é a figura do pai. Nada do que escrevi lá no início vale para um órfão, tenha o pai morrido, desaparecido ou simplesmente se ausentado, mesmo que fisicamente presente. Esta liberdade da experimentação pela experimentação só é permitida a alguém quando existe algo que lhe dê suporte. De que vale o choro se não existe ninguém para consolar?

Sempre me assustava quando lia em Marcos 10:15

Digo-lhes a verdade: "Quem não receber o Reino de Deus como uma
criança, nunca entrará nele"
Quando se é adolescente ser chamado de criança é praticamente um xingamento, mas nosso mestre nos ensina a receber o Reino de Deus como uma criança, ou melhor nos exorta dizendo que esta é a única forma de receber o reino de Deus.

Talvez Jesus estivesse falando da nossa forma de encarar a vida e o nosso Pai Celeste. Que os cristãos emancipados são na verdade falsos cristãos. E também que temos um pai para ouvir nosso choro.








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